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Crítica do filme A Mula

Estreia nesta quinta-feira (14), dois meses depois dos EUA

O novo filme produzido, dirigido e protagonizado por Clint Eastwood, A Mula, mostra um veterano de guerra que sempre se dedicou mais ao trabalho do que a família. Em uma jornada de redenção, Earl Stone inicia uma série de transportes de “cargas suspeitas” na tentativa de corrigir o seu passado, ele tenta ajudar as pessoas que encontra pelo caminho.

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A Mula tem um arco dramático muito importante para o protagonista, que precisa de um desfecho, em busca de perdão. Essa narrativa se acentua no primeiro terço do filme e no último, mas é recheado por um surpreendendo miolo com diversas situações engraçadas, que tiram vários risos dos espectadores.

Com um a linguagem leve, o filme expões diversas críticas sociais que estão em voga nos Estados Unidos, porém, sob este aspecto, também peca por inserir piadas em momentos que era preciso mais seriedade para abordar certos assuntos, ao lidar com racismo e violência policial, por exemplo.

Apesar de ser um filme que beira o surreal em alguns momentos, ele tem atuações contidas, como de Bradley Cooper, Michael Peña e Laurence Fishburne, por exemplo. Com uma qualidade incrível, a atriz Dianne Wiest se destaca como Mary, a esposa rejeitada de Earl Stone.

Aliás, o próprio Clint Eastwood está sensacional no papel deste velhinho que se faz de louco em alguns momentos para passar abaixo do radar da polícia, que cumpre seu trabalho com rigor, mas não deixa de se divertir no processo.

A Mula

Apesar de serem tramas completamente diferentes, e ter um tom todo próprio, eu comparo a qualidade de A Mula ao Gran Torino. São dois filmes “low profile” que se baseiam em uma história sólida, humana e contida. Porém, esta nova produção apresenta mais inconsistências, que saltam aos olhos e precisam ser relatadas.

Depois de ter feito várias viagens, Earl finalmente descobre que estava carregando drogas esse tempo todo e se espanta. Uma ingenuidade que não combina com o seu espírito sagaz,apresentado desde o começo. O que ele imaginou que estava transportando se em todas as vezes era recebido por homens armados, em locais escondidos e sempre com a instrução rígida de não olhar o pacote?

A Mula

Outro ponto negativo é o personagem do ator Ignacio Serricchio. Julio, um dos comandantes do chefe do tráfico, tem a sua história bem desenvolvida da metade do filme em diante, para ser abandonada abruptamente pelo roteiro. Ele é simplesmente deixado de lado em certo momento e não recebe um desfecho para o que estava sendo construído.

Isso posto, preciso reforçar que A Mula é um filme divertido, sem ser uma comédia, e apresenta um Clint Eastwood incansável nos seus 88 anos, ainda atuando, dirigindo e produzindo algo grande. Observar esse aspecto já motivo suficiente para gostar do longa, mas o desenvolvimento da história vai te conquistar e o final vai aquecer o seu coração.

Pedro Cardoso

Carioca, jornalista e apaixonado por games, cinema e esporte. Jogo videogame desde o Atari.

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