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Cyberpunk 2077 e o jogo dos sete erros

Diversos problemas ofuscaram o lançamento do que poderia ser o jogo do ano

A notícia que a Sony retirou Cyberpunk 2077 da PlayStation Store, e está reembolsando os seus clientes, é tão drástica que chama a atenção até pela sua raridade. Cheio de problemas técnicos na geração passada de consoles, o game também erra em vários outros aspectos, incluindo os sociais.

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Para que os mais novos possam entender, o jogo dos sete erros é um passatempo simples que costuma vir publicado em jornais impressos e faz parte dos desafios das revistas de palavras-cruzadas, notadamente aquelas publicadas pela Coquetel até hoje em dia. Na brincadeira, você deve comparar duas imagens aparentemente idênticas até encontrar os sete detalhes que são diferentes entre elas. Assim, usando essa analogia, vamos tentar entender os sete erros da CD Projekt Red (CDPR) que levaram a este lançamento desastroso.

Erro 1: Promover “Crunch”

O jogo dos sete erros do Cyberpunk 2077 começa com a notícia que veio do período de desenvolvimento, quando funcionários denunciaram anonimamente que a empresa estava praticando o “crunch”, quando os fempregados são encorajados a trabalhar muito além do seu horário, por vários dias, para poder entregar o produto no prazo.

Esse tipo de prática tende a ser muito comum em empresas de desenvolvimento de jogos e software, mas isso não torna a atitude correta. Algo similar aconteceu na Rockstar, que também é adepta deste modelo de gerenciamento de pessoal, na época antes do lançamento de Red Dead Redemption 2.

Erro 2: Descuido com a geração passada

Esse é o problema que mais está chamando a atenção da comunidade. Os bugs e glitches da versão do jogo que roda no PlayStation 4 e Xbox One assumem um papel de destaque, justamente pela enorme quantidade que aparecem e pelas situações bizarras. Tudo isso, é claro, virou meme instantâneo no Twitter e outras redes sociais. De certo, faltou capricho da empresa para lançar o jogo na geração passada dos consoles.

Mas o problema não é só o aspecto visual, o jogo sofre com travamentos e outros problemas que torna quase impossível jogá-lo, e certamente não é a experiência que os jogadores esperaram por anos.

Cyberpunk 2077

Erro 3: Dificultar o reembolso

Ao se desculpar com os jogadores pelos problemas técnicos da versão PS4 e Xbox One, a CDPR recomendou que os jogadores entrassem em contato com a Sony e a Microsoft para pedir o reembolso, porém, o que o comunicado oficial não disse é que não há uma política de reembolso tratado com essas grandes empresas ou qualquer parceiro do varejo, o que dificulta todo o processo.

O editor de tecnologia da CNBC Steve Kovach, por exemplo, tentou o seu reembolso para a sua versão PlayStation do jogo e não conseguiu. Ao que parece, todas as empresas envolvidas devem dificultar bastante esse processo até que a CDPR lance um patch que corrija todos esses problemas.

De acordo com o The Verge, que acompanhou de perto essa história do reembolso, a Microsoft enviou à reportagem uma mensagem padrão dizendo que todos os clientes recorram ao processo de reembolso padrão, que devolve o dinheiro de uma compra digital na Microsoft Store desde que tenha sido feita dentro de 14 dias. O problema é que a Sony, apesar da promessa, não tem uma política clara de devolução.

Erro 4: Luzes estroboscópicas sem aviso

De acordo com o site TechCrunch, o Cyberpunk 2077 possui sequências com luzes estroboscópicas pelo jogo todo e não há nenhuma aviso sobre isso. O problema é que este tipo de recurso visual, quando luzes piscam rapidamente sem intervalos, podem causar convulsões em pessoas com histórico de epilepsia.

Isso é um grave erro de acessibilidade, uma vez que essas cenas não podem ser puladas ou desligadas e, como já foi dito, não há qualquer alerta antes do game começar. Isso aconteceu, inclusive, com um revisor da Game Informer.

Erro 5: Descuido com a tradução em PTBR

O jornalista Dori Prata, do site Vida de Gamer, apresentou em seu Twitter uma série de screenshots que demonstra como o jogo também foi descuidado na hora de traduzir os textos do jogo, mais sensivelmente nas telas com instruções de movimentos. Em outro caso, existe até uma linha de código onde deveria ter um texto informativo.

Erro 6: Sinais de transfobia

Em um universo de sci-fi que deveria ser diverso, o Cyberpunk 2077 mostra pessoas com identidade trans apenas como objetos de fetiche no jogo. Enquanto homens e mulheres estão espalhados pela cidade, participando intensamente da história do RPG, os transgêneros aparecem apenas em cartazes de propagandas associadas a sexo, de acordo com o relato no review da Polygon.

O site CBR.com traz uma reportagem mais completa sobre o assunto. Entre as características citadas como um desapontamento pela comunidade LGBTQ+ está o fato do criador de personagem, apesar de ser bem detalhado, não permite colocar uma voz grave em um corpo feminino, e nem uma voz mais suave em um corpo masculino. Apesar de que, justiça seja feita, a ferramenta permite escolher até o tamanho da genitália ou retirá-la se o jogador quiser.

Erro 7: Sexualização exagerada

A Night City, região fictícia onde se passa Cyberpunk 2077, vive em um futuro distópico, sujo e decadente, como um lugar inserido em um universo “cyberpunk” costuma ser. Entretanto, para demonstrar isso, os produtores do jogo abusaram de cartazes e anúncios vendendo sexo pela cidade.

Segundo a reportagem do Kotaku, que chamou a atenção para esta característica do jogo, todos os anúncios de sexo do jogo foram feito sob o ponto de vista masculino, sexualizando o corpo feminino e trans a todo o tempo, o que pode causar um desconforto nas jogadoras mulheres.

Via
Yahoo NewsThe VergeGame Informer

Pedro Cardoso

Carioca, jornalista e apaixonado por games, cinema e esporte. Jogo videogame desde o Atari.

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