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Crítica: Três anúncios para um crime

O filme trabalha com maestria a lógica de causa e efeito, ação e reação

O Três anúncios para um crime, distribuído pela Fox Searchlight, é um filme muito particular, como uma história que não segue o caminho fácil, não entrega para a audiência aquilo que ela quer ou acha que precisa. E isso é ótimo. Desafiando sua própria narrativa o tempo todo e entregando uma trama cheia de camadas, não é a toa que está concorrendo a sete indicações ao Oscar.

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De acordo com a sinopse oficial, “Inconformada com a ineficácia da polícia em encontrar o culpado pelo brutal assassinato de sua filha, Mildred Hayes (Frances McDormand) decide chamar atenção para o caso não solucionado alugando três outdoors em uma estrada raramente usada. A inesperada atitude repercute em toda a cidade e suas consequências afetam várias pessoas, especialmente a própria Mildred e o Delegado Willoughby (Woody Harrelson), responsável pela investigação”.

Dentro desta premissa, o filme trabalha com maestria a lógica de causa e efeito, ação e reação. Nenhum personagem é totalmente mau, nem totalmente bom. Todos têm seus defeitos e virtudes muito bem explorados. Ambientada na cidade de Ebbing, Missouri, o longa também tenta provar que as boas ações muitas vezes são esmagadas pelas amarras de uma sociedade corrupta.

Três anúncios para um crime

Mas não só isso, entre todas a camadas que citei, e através de certos diálogos e situações que até beiram o insólito, o longa discute também temas importantes e atuais como o racismo, a intolerância e a violência policial.

Quem assiste ao trailer do filme ou lê a sinopse, é levado a pensar que Três anúncios para um crime é integralmente um filme de drama, denso e obscuro. Mas de forma surpreendente, o longa é recheado de piadas, com um humor ácido e contestador. O filme é um drama e é vendido como tal, mas ficou a um passo de se tornar uma comédia.

O embate entre Mildred e Willoughby é o motor que movimenta a trama do início ao fim, e as consequências vão se espalhando por todos que estão a sua volta. Frances McDormand está perfeita no papel de uma mãe obcecada em encontrar o culpado pelo assassinato da sua filha, ao mesmo tempo que precisa resolver seus próprios conflitos internos.

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Entretanto, é preciso destacar que o ator Sam Rockwell rouba a cena diversas vezes vivendo o papel do policial Dixon, um fiel representante do que há de mais sujo nas forças de segurança pública de uma cidade do interior do Sul dos Estados Unidos. Ele protagoniza as cenas mais engraçadas do filme.

Três anúncios para um crime é um filme obrigatório para quem gosta de histórias que não são fáceis de digerir, com personagens marcantes, dúbios e ao mesmo tempo frágeis perante suas próprias limitações e do sistema onde estão inseridos.

Pedro Cardoso

Carioca, jornalista e apaixonado por games, cinema e esporte. Jogo videogame desde o Atari.

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