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Crítica do filme Assassin’s Creed

O roteiro não faz você se importar com os personagens

O filme de Assassin’s Creed entrega uma experiência feita para os fãs da série de games. Não consigo pensar se, quem nunca viu um jogo sequer, conseguirá aproveitar as referências da mesma forma. A trama do longa acompanha a história de Callum Lynch e seu antepassado chamado Aguilar, um assassino da época da Inquisição Espanhola, que precisa encontrar a Maçã do Éden, um artefato poderoso que não pode cair nas mãos dos templários.

Veja também: Livro oficial de Assassin’s Creed já está disponível

De forma geral, quando analisamos os vários elementos que formam o filme, eles até funcionam de forma isolada. As alusões ao universo dos games, a ambientação, o cenário, figurino e até as cenas de ação, tudo é bem feito e empolgante, tudo sob os cuidados da Ubisoft, a dona da franquia. Porém, quando se junta tudo isso, não posso dizer que o filme é bom.

O roteiro não faz você se importar com os personagens, eles são vazios e suas motivações não ficam claras. Novamente, quem joga os games desde a primeira versão se acostumou a acompanhar essa batalha nas sombras entre Assassinos e Templários, mas o filme não conseguiu mostrar o peso disso, e nem como as ações de ambos os grupos influenciam na história real como conhecemos, uma marca da série.

Filme de Assassin's Creed

Assassin’s Creed tem começo, meio e fim muito bem definidos. Possui um bom ritmo, não enrola a audiência, apresenta uma excelente edição e cortes precisos. Todas as cenas na Espanha de 1492 são um deleite para os olhos. As lutas são claustrofóbicas, todos os elementos visuais e de movimento dos games estão presentes. Até mesmo aquele gesto de fechar os olhos de sua recente vítima, está presente no filme.

Tem a parte que os assassinos chegam de mansinho, a famosa surdina, mas tem lutas no meio da multidão quando são necessárias. Enfim, respeito total à franquia de jogos, com referências adicionadas com precisão cirúrgica. Sem exageros. Eu queria ver mais deste período histórico, mas o filme se concentra na vida de Cal Lynch, no presente, subvertendo a proposta de todos os jogos.

Em contraponto a tudo isso que falei, a trilha sonora é rude e encaixa bem nas cenas para contar a história, mas em muitos momentos é surtada e cansativa. Durante toda a projeção, você quer apenas um momento de silêncio para respirar e contemplar o que está acontecendo, mas isso não acontece. Você perceberá que ela é bem repetitiva também.

Assassin’s Creed

Marion Cotillard está sóbria como na maioria dos filmes em que trabalha. Mas Michael Fassbender está caricato, e até surtado em alguns pontos. Definitivamente, não é o seu melhor papel. Os outros atores e seus respectivos papeis em nada acrescentam ao filme. Todo mundo apagado e sem personalidade definida.

Se você pensar que o filme conta uma história inédita, de um personagem nunca antes visto nos jogos, a obra pode ser encarada como um excelente complemento para quem gosta de absorver tudo que tem relação com o universo. Uma boa forma de expandir o horizonte da franquia, já muito bem explorados em jogos, livros e quadrinhos. Assassin’s Creed pode agradar aos fãs mais fervorosos, mas pode deixar confuso aquele que não consome com entusiasmo a cultura nerd. Porém, o final estraga tudo.

Pedro Cardoso

Carioca, jornalista e apaixonado por games, cinema e esporte. Jogo videogame desde o Atari.

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